Cancelado pelo Nubank (parte 2): fui salvo pelo Banco Central?

João Varella
3 min readFeb 5, 2024

Esta é uma continuação do post em que relato o cancelamento repentino e sem aviso de minha conta no Nubank. Vale começar a leitura por lá.

Ao entender que não era golpe nem brincadeira, sim havia sido banido do Nubank e eles ficaram com meu dinheiro, registrei queixa no Reclame Aqui. Lá encontrei casos similares.

O noticiário recente também apontava o cancelamento de diversas contas (aqui, aqui e aqui) — em uma dessas matérias, encontrei a arte acima. No X, mais treta:

Abri ocorrência no Banco Central. O prazo de resposta é de dez dias úteis. Lento para o caso em questão, a devolução do saldo seria em (supostos) dez dias corridos.

Enquanto isso, peguei o cartão de crédito da minha companheira, abria contas em outros bancos, reprogramava pagamentos, pedia aumento de limites, novos cartões de créditos. Tentava reconstruir em tempo recorde um arranjo financeiro organizado ao longo de anos.

Ué?????

Noite do terceiro dia de bloqueio e “processo irreversível de cancelamento”. Estava esgotado. Nova mensagem do Nubank chega no e-mail: “boa notícia, seus serviços voltaram. Tivemos que tomar essa medida para sua segurança”. Hein?

Assim como o cancelamento, a reativação veio do nada.

Abri o aplicativo. Serviços restaurados. Extrato de uma caixinha mostrando uma tentativa de saque total, devidamente bloqueada pelo próprio Nubank (vai entender). Outra caixinha zerada — paguei imposto à toa e perdi dias de rendimento. Cartão virtual cancelado. Cartão físico funcionando. Cashback voltou. NuCoin zerada, retornaria depois de três dias.

O Nubank deu um puxão na minha coleira.

Outro lado

Mandei e-mails aos canais de atendimento, ouvidoria e assessoria de imprensa do Nubank, avisei que relataria o caso, queria a explicação do banco.

“No Nubank buscamos construir uma relação de confiança e transparência com nossos clientes. Prezamos sempre pela transparência e segurança”, disse mensagem firmada por Valentino D. — não há indicação de cargo. “Caso isso aconteça novamente, entraremos em contato para dar todo o suporte necessário”.

Ao contrário do que indica a mensagem, não houve suporte ou justificativa na mensagem que emprega a palavra “transparência” insistentemente. Suco de gaslighting. Nem nada próximo a um pedido de desculpas.

No Reclame Aqui mesma linha: “bloqueio preventivo em sua conta” em razão de suposta checagem de segurança. Quer dizer, o “processo irreversível” virou um “paramos tudo para te proteger, foi para o seu bem”. Se fosse isso, por que não ser claro desde o começo? É de enlouquecer.

Banco Central

Um contato que trabalha em uma instituição financeira crê que o Banco Central salvou meu pescoço, a queixa lá chamou a atenção do dono do caça-níquel. “Se não tiver MUIIIIIIIITO claro e justificável, o banco perde sempre”, disse. “Pedem um monte de documentos para comprovar o motivo”.

Isso, claro, é uma hipótese. O Nubank não nega nem confirma coisa nenhuma.

Chama a atenção o ranking de reclamações do BC. O Nubank, outrora, nas palavras da pessoa, “referência no mercado bancário” em quesito de atendimento, passou a se aproximar do top 10 de piores instituições.

Quando a ocorrência no Banco Central for respondida, atualizo aqui (atualização: resposta saiu).

E agora?

Lição aprendida, vou a outro caça-níquel. Aqui o dono está doidão. A marca da coleira ainda dói, não consigo fazer a mudança imediatamente, cuidando para não pagar taxa, não escorregar numa cláusula espinhosa.

A distopia faz piada. E-mail marketing que recebi agora há pouco promete um cartão “sem surpresas”:

Atualização (19/02/24): sofri um novo cancelamento do Nubank. Saiba mais aqui.

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